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Mulheres indígenas, território, corpo, espírito e ancestralidade

O Brasil possui uma população de aproximadamente 900 mil pessoas indígenas, de acordo com os dados do IBGE, e dessas, 448 mil são mulheres. A população indígena está presente nos seis biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal.

Nós, mulheres indígenas, pertencemos a 305 povos distintos e ainda mantemos grande diversidade cultural. São 274 línguas maternas preservadas e tradições milenares transmitidas através do tempo pela oralidade.

Somos unidas por uma pluralidade ancestral. Das nossas anciãs herdamos sabedoria, conhecimentos sobre os territórios aos quais pertencemos, sobre a medicina das ervas que curam, fortalecem e alimentam, sobre os nossos cantos sagrados em nossas línguas e sobre as nossas danças que conectam os vários mundos por onde corpo e espírito viajam.

A cosmovisão que nos une no mesmo propósito – de viver em harmonia com o meio ambiente – vem do nosso respeito ao sagrado da nossa existência, a Mãe Terra. Sua força conecta nossas vozes, porque somos filhas, mães e avós.

Somos sementes, raízes, árvores e frutos. Nos fizemos presentes a partir do todo, porque o território é nosso corpo e nosso espírito. Em comunhão, somos uma conexão ancestral presente na intenção de realizar a cura da terra.

Nos últimos cinco séculos, desenvolvemos estratégias para sobreviver em aldeias – pequenas parcelas do nosso antigo território tradicional. Aqui estamos, sementes da resistência, como foram nossas ancestrais e como será nossa descendência.

Temos sido defensoras dos direitos humanos, enfrentando com sabedoria e criando estratégias para o combate às mudanças climáticas, a preservação ambiental e a proteção das aldeias. Estamos em constantes movimentos de união entre povos, somando forças na busca do bem viver coletivo e para enfrentar as adversidades. 

Muitas mulheres Indígenas têm mostrado novos horizontes possíveis através de suas narrativas compartilhadas para caminharmos todas nós, mulheres, juntas.

por Joziléia Daniza Jagso Kaingang para a Mandala Lunar 2021. Ilustração de Daiara Tukano

1 Comentários

  1. Rosilene Santos Bezerra

    7 de setembro de 2023

    Somos conexão com a Natureza

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