O planeta Terra está em constante movimento. Diariamente gira em torno do próprio eixo, de oeste para leste, em um movimento chamado rotação. Virando suas faces sucessivamente entre a luz solar e a escuridão espacial, vai gerando os dias e as noites. E a cada período de aproximadamente 365,25 dias completa uma volta inteira ao redor do Sol, atividade que chamamos de translação e que gera as estações do ano. O eixo de rotação da Terra é levemente inclinado em relação ao trajeto de translação.
Ao longo de um ano, a Terra percorre uma volta completa ao redor do Sol. Nessa rota, em dois momentos acontecem os Solstícios, um de Inverno e outro de Verão e em outras duas ocasiões os Equinócios de Outono e de Primavera. A transição das estações acontece de forma oposta nos Hemisférios Sul e Norte, e cada região do planeta passa por momentos em que recebe maior ou menor incidência de radiação de luz.
Derivado do latim aequinoctium, equinócio significa “noite igual”. Dia e noite têm a mesma duração e o Sol está em ângulo equânime na Linha do Equador terrestre projetada na esfera celeste. Nas transições dos Equinócios, ambos os hemisférios do planeta estão igualmente iluminados pelos raios solares. Pode-se dizer que são momentos de maior equilíbrio entre as polaridades.
Do latim sol + sistere (que não se mexe), os solstícios marcam o momento em que o Sol atinge a maior declinação em latitude em relação à Linha do Equador, que divide os dois hemisférios do planeta. Quando se dá a passagem para o inverno, os raios apresentam uma incidência mais diagonal, e quando vem o verão eles chegam mais verticalizados e diretos. No Solstício de Verão no Hemisfério Sul, a irradiação é perpendicular à superfície da Terra no Trópico de Capricórnio, e o mesmo acontece sobre o Trópico de Câncer quando a estação mais quente chega ao Hemisfério Norte.
Quanto mais perto das polaridades do planeta estiver uma região, mais evidente será a manifestação das estações. E o quanto mais perto da Linha do Equador for um local, menos demarcados climaticamente são estes ciclos.
Povos antigos do Norte celebravam as transformações ocorridas na natureza através de festivais que aconteciam nos dias de solstícios, equinócios e nos pontos intermediários entre eles. Assim ao longo do ano, oito celebrações aconteciam, chamadas de Sabbats. Os Sabbats compõem os oito raios da Roda do Ano. Algumas tradições atuais de culto à Deusa retomaram essas celebrações como uma forma de conexão com os ciclos da natureza. Podemos nos conectar com essas datas de duas maneiras: celebrando os festivais de acordo com as estações do Hemisfério Norte, ou com os ciclos da natureza do Hemisfério Sul. Na Mandala, informamos os festivais de acordo com as estações no Hemisfério Sul, mas sinalizando sempre o festival oposto que ocorre ao mesmo tempo no Hemisfério Norte.
Os dias dos solstícios e equinócios são auspiciosos e propícios para ritualizarmos a entrada de cada uma das estações da nossa própria maneira, plantando o que queremos em nossas vidas e celebrando as nossas colheitas. Dessa forma, nos alinhamos com os ciclos da natureza e aproveitamos a força que cada estação pode nos ofertar.
Esse texto foi escrito por Isadora Lescano e por nós para a Mandala Lunar 2018. A Mandala Lunar deste ano conta também com muitos conteúdos inspiradores sobre os ciclos da natureza, as mulheres, saúde, entre outros.
Ilustração: Chana de Moura (para a Mandala de 2017)