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Mandala Lunar participa de publicação sobre efeitos dos agrotóxicos na saúde reprodutiva lançada pela Abrasco

O almanaque “As mulheres semeiam a vida” realizado em parceria com o Centro de Direitos Reprodutivos de Bogotá contou com a participação de mais de 40 pesquisadores, incluindo movimentos sociais e a editora Mandala Lunar. 

O Brasil figura entre os maiores consumidores e importadores de agrotóxicos no mundo. Entre 2019 e 2022, foram registrados no país 2.178 tipos de agrotóxicos, sendo que 30% desses produtos são extremamente nocivos à saúde humana, 51% representam perigo ao meio ambiente e mais de 48,7% contêm pelo menos um ingrediente ativo banido na União Europeia ou que não tem registro aprovado nesses países europeus.

No dia 29 de abril de 2024, a Abrasco lançou duas publicações muito relevantes para a saúde da mulher: O relatório “Saúde Reprodutiva e a Nocividade dos agrotóxicos” e um almanaque ilustrado intitulado “4 Lições – As mulheres semeiam a vida – Os agrotóxicos destroem a saúde reprodutiva humana e o ambiente”. Os documentos, fruto do trabalho e da pesquisa do GT Saúde e Ambiente da Abrasco, aprofundam o debate sobre os impactos do uso massivo de agrotóxicos na saúde pública. Veja o debate que foi transmitido ao vivo pelo canal da Abrasco no YouTube aqui. 

A publicação do almanaque “4 Lições – As mulheres semeiam a vida – Os agrotóxicos destroem a saúde reprodutiva humana e o ambiente” foi especialmente desenvolvida para compartilhar informações sobre os efeitos dos agrotóxicos sobre a saúde reprodutiva das mulheres. O documento contou com a participação de pesquisadores de diferentes universidades e regiões do país, institutos de pesquisa e alguns representantes de movimentos nacionais com abrangência nacional. Ao todo, 43 pesquisadores participaram da elaboração. As ilustrações foram cedidas por artistas ativistas feministas e ecologistas da Mandala Lunar.

No almanaque foram analisadas as evidências científicas disponíveis que apontam para os perigos associados à exposição a essas substâncias químicas, incluindo seu impacto na fertilidade masculina e feminina, nos ciclos menstruais, nas complicações durante a gravidez, no desenvolvimento fetal e na saúde das crianças.

Para a coordenadora do projeto e integrante do GT Saúde e Ambiental da Abrasco, Lia Giraldo, o documento foi uma forma de avaliar a produção científica brasileira no tema dos efeitos dos agrotóxicos na saúde reprodutiva e analisar o panorama nacional quanto o arcabouço legal e as ações existentes nas políticas públicas para proteger indivíduos e grupos populacionais frente a toxicidade dos agrotóxicos na saúde reprodutiva, além de propor recomendações para mitigar seus impactos.

Para Alan Tygel, da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, o lançamento do material reforça a parceria histórica da Campanha com a Abrasco: “Desde o lançamento do Dossiê Abrasco sobre impactos dos agrotóxicos na Saúde, a Abrasco vem produzindo importantes subsídios para os movimentos sociais na luta contra os agrotóxicos e contra o modelo perverso do agronegócio. O relatório e almanaque sobre os efeitos na saúde reprodutiva são mais um passo nessa história de luta e resistência.”

Ainda segundo Alan, a pesquisa reforça a relação dos agrotóxicos com os efeitos na saúde das mulheres: “Sempre soubemos dos impactos específicos dos agrotóxicos na saúde e na vida das mulheres; contudo, esta publicação traz um salto de qualidade em nossos subsídios, e insere definitivamente a questão dos agrotóxicos no âmbito da luta feminista”.

As 4 Lições:

Lição 1: Como é constituído o corpo humano?

Na primeira lição, buscamos compreender como é constituído o corpo humano, desde uma perspectiva sobre sua evolução e conexão com o ecossistema até um olhar mais aprofundado do que é a saúde reprodutiva, dos métodos contraceptivos, da fisiologia do ciclo menstrual e da importância dos hormônios dessa orquestra, bem  como dos hormônios no parto e na gravidez e na lactação.

Lição 2: Agrotóxicos e sua nocividade para a saúde humana

Na segunda lição, discutimos a presença dos agrotóxicos no mundo  hoje e seus agravos agudos e efeitos crônicos em geral na população, constatando que a contaminação ambiental coloca em risco toda a população. Contudo, são os trabalhadores rurais, os indivíduos e as comunidades que vivem em áreas onde o consumo de agrotóxicos é praticado os mais vulneráveis a sofrer os danos decorrentes dessa exposição.

Lição 3: Os efeitos dos agrotóxicos para a saúde reprodutiva

Na terceira lição, ressaltamos as evidências da literatura científica atual sobre o vínculo alarmante entre a exposição a esses produtos químicos e problemas como infertilidade, aborto, prematuridade, baixo peso ao nascer, comprometimento do desenvolvimento cognitivo e outros efeitos negativos.

Lição 4: Considerações para uma perspectiva para uma vida saudável

Na quarta lição, nas considerações apresentadas para uma perspectiva para uma vida saudável sem venenos no ambiente, no trabalho, na água e na comida, pudemos refletir sobre alguns mitos difundidos pela indústria que se beneficia do agronegócio químico dependente, dando destaque, em seguida, para alguns movimentos sociais que estão confrontando esse modelo de produção no Brasil.

Espera-se que, ao elucidar essas conexões, o material estimule discussões significativas, promova a conscientização e contribua para a busca de soluções que protejam a saúde reprodutiva e que promovam a justiça socioambiental, com práticas agrícolas mais seguras e sustentáveis, tanto para nós quanto para as futuras gerações.

Se você quer mergulhar neste estudo tão relevante para a luta pela saúde das mulheres, baixe o almanaque “4 Lições – As mulheres semeiam a vida – Os agrotóxicos destroem a saúde reprodutiva humana e o ambiente”.

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