Como você se relaciona com os limites? Os limites do seu corpo, seu espaço, seu tempo e sua disponibilidade, você consegue mapear como foi seu aprendizado sobre eles?
Em todas as nossas relações, aprendemos sobre limites. Na cultura patriarcal, por exemplo, existe a crença que os corpos, o tempo e a atençao das mulheres devam estar disponíveis ilimitadamente, especialmente aos homens. As sensações de (des)conforto e (in)segurança que sentimos são sinais de que esses limites estão sendo respeitados (ou não).
Limites saudáveis são parte da natureza e podemos observá-los em todos os seres vivos. No entanto, a nossa consciência sobre limites é pouco exercitada quando somos educados para agradar os outros e obedecer comandos, retroalimentada por uma sociedade que exige produtividade constante. Assim extrapolamos nossa disponibilidade e sobre pouco espaço para reconhecer nossas necessidades mais profundas e respeitar nossos ritmos. Então, quando nos percebemos vulneráveis, tentamos nos defender erguendo muros à nossa volta. Como encontrar um espaço de vulnerabilidade saudável?
Quando falamos em limites, falamos sobre conhecer nossos desejos, capacidades físicas e emocionais e corpo para usá-los como potência. Dar limites exige autoinvestigação e isso é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Podemos experimentar nossos “SIM” fazendo pedidos nítidos sobre o que queremos e especialmente nossos “NÃO” praticando diferentes formas de dizer não, para que, quando chegar o momento, estejamos treinadas como fazê-lo. Alguns recursos terapêuticos podem ajudar a dar mais nitidez para o que de fato importa para nós, o que temos condições de assumir e onde queremos colocar nossa energia. Movimentos corporais realizados com atenção e consciência também nos permitem experimentar a sensação de dar limites, como a prática de defesa corporal.
Respeitar nossos limites não é egoísmo. Quando uma pessoa conhece e respeita os seus, consegue estar mais disponível para assumir suas responsabilidades e para deixar para as outras pessoas as que lhes cabem, ajudando, assim, que os limites dos outros também sejam respeitadas.
Texto de Ana Marcela Sarria para a Mandala Lunar 2022
Ilustração de Karla Ruas