Talvez quase tudo tenha dado errado.

Nossa turma era de pelo menos trinta alunos. Naquele final de semana todos nos deslocamos para determinado lugar para termos uma aula diferente. Antes da aula de uma das professoras convidadas começar eu na posição de sonhadora pude escolher qual das aulas seria exibida em meu sonho, uma vez que havia uma enorme listagem como se aquilo já tivesse acontecido das mais diversas formas possíveis.
Nossa sala de aula ficava em um lugar alto e desértico, cercado por imponentes paredes colunares sem um teto para obstruir a grandeza do astro sol que brilhava sem a interferência de qualquer nuvem.
A aula escolhida foi a primeira da listagem, a qual levava como título “o dia que quase tudo deu errado.”
Eu me sentei separada de toda a sala. Fiquei a direita e verticalmente enquanto que todos os outros permaneciam em seus lugares habituais.
Como primeiro ato, a professora apareceu com três grandes jarros de vidro contendo diversas serpentes. Um deles foi esvaziado no chão e a aula começou.
Enquanto a professora falava as serpentes avançavam em minha direção. Uma verde, outra vermelha e mais uma amarela, avançavam olhando em meus olhos vagarosamente. Alertei a professora caso ela não estivesse percebendo que eu estava em perigo. Ela ignorou.
Eu estava com muito desconfortável e com medo. Falei mais uma vez e mais uma vez, até que ela foi e apanhou as serpentes. Apesar disso, uma quarta serpente preta avançou pela lateral. Foi quando eu disse, “não professora, não dá pra mim. Eu quero sair dessa sala. Chega!”
Com isso fui levantando lentamente e saindo, sem dar as costas para elas.
Lá fora não pude deixar minha indignação menor. Realmente, o dia que quase tudo deu errado. Se eu não tivesse saído da sala poderia ter dado tudo errado, refleti comigo mesma. Lá fora pude reparar na grandiosidade da construção que estávamos o sol esquentava minha pele.
Quando a aula terminou ouvi um dos meus colegas perguntando por que eu saí da sala. A professora deu uma resposta genérica pra não entrar no assunto, o menino fez uma piada.
Eu, enfurecida que estava entrei na sala, de punhos cerrados e a boca cheia de palavras pra despejar naquele que ousou tocar em minhas fraquezas sem autorização.
Falei, falei e falei. Falei tudo o que gostaria de ter falado.
Talvez quase tudo tenha dado errado.

Comentar