Todos os seres vivos de nosso planeta respondem à interação com dois astros principais: O Sol e a Lua. O dia solar, o mês lunar e o ano solar são os ritmos primários que regem a vida dos organismos na Terra, regulando os momentos de atividade e repouso, assim como os ciclos de crescimento, florescimento, colheita, morte e renascimento.
Quando percebemos que os exatos compassos ritmados da natureza acontecem também dentro de nós, passamos a entender nossos ciclos internos como sagrados, divinos e completamente naturais. A Mandala Lunar 2017 é um diário que propõe a observação dos ciclos femininos junto aos ciclos da Lua e do Sol, para que assim fique mais simples relacionar o micro e o macro, facilitando nossa conexão com o universo, entendendo que toda ação reverbera e que temos responsabilidades para com os outros e com os espaços em que estamos inseridas, pois somos parte de um grande organismo vivo.
A sociedade patriarcal projeta condutas específicas à mulheres e homens, sempre atribuindo um papel a cada gênero, assim desrespeitando a manifestação das inúmeras possibilidades do que podemos ser. Todos somos yin e yang, luz e sombra, Sol e Lua. Temos ambas as energias dentro de nós, se manifestando em maior ou menor intensidade, e é justamente a existência das duas que nos permite enxergar a importância de cada uma, sem hierarquias.
O processo de emancipação feminina consiste em curar as feridas profundas criadas por nossa cultura ao mesmo tempo em que desprogramamos os valores que aprendemos a internalizar e que apoiamos e reproduzimos inconscientemente. Apenas com o olhar sincero para dentro é que podemos buscar e saber quem somos, nos apropriarmos de nossa identidade única, e com amor e confiança mostrá-la ao mundo, com a certeza de que cada uma pode ser o que quiser. E é com um olhar sincero para fora que podemos deixar transbordar nossa plenitude interior e – através de atitudes conscientes – colocar em prática os nossos valores, compartilhar saberes que gerem mais autonomia às nossas vidas, assim construindo novas possibilidades de se viver como mulheres livres, que conhecem seus ciclos, amam seus corpos, desfrutam de sua sexualidade e desenvolvem sua espiritualidade juntas.